Contos Maravilhosos
Os Sete Cabritinhos

Era uma vez uma
cabra, que morava com seus sete cabritinhos em uma linda casinha com quintal e jardim.
Naquela manhã,
estavam todos assistindo televisão antes de mamãe sair para o mercado, fazer
compras:
A notícia de última
hora dizia:
– Cuidado: há um lobo
mau solto por aí. Foi visto pela última vez fugindo para perto do rio. Todos
estamos trabalhando para caçá-lo, mas até agora ele continua solto. As crianças
devem ficar em casa até que ele esteja bem preso.
– Ah! Logo hoje que
íamos começar nosso clube novinho lá fora!
Mamãe cabra não quis
saber: falou sério com seus sete cabritinhos, e todos entenderam muito bem.
– Ninguém sai de casa
hoje enquanto vou ao mercado. A porta fica fechada com a chave. Não abram para
ninguém. Vocês conhecem a mamãe: quando voltar, chamarei pela janela com minha
voz de sempre, e baterei de levinho no vidro com minha pata clarinha e de unhas
curtas. Aprendam que o lobo mau tem um vozeirão terrível e uma pata escura
enorme cheia de unhas gigantes. Muito cuidado!
– Está bem, então.
Pode confiar em nós. Vamos ficar bem atentos.
E lá se foi a cabra
para as compras …
Encontrou sua amiga
no caminho, e foi logo comentando como estava preocupada em sair para o mercado
com aquele lobo mau solto por aí…
O que elas não
sabiam, é que o lobo mau disfarçado estava ali bem pertinho escutando tudo, e
pensando: “Sete cabritinhos sozinhos em casa, e eu com tanta fome!”
Correu para a casa,
jogando fora seu disfarce, tentou abrir a porta, e viu que estava trancada.
– Abram a porta! Está
trancada!
– Não vamos abrir
nada, seu lobo bobo. A voz da mamãe é suave e macia, só vamos abrir para ela!
Então o lobo ficou
furioso. Tinha que ter alguma ideia. Aqueles cabritinhos só iam abrir para a
mãe, mas como enganá-los? Ahá! O lobo correu até a confeitaria, escolheu a
melhor torta de maçã e mel, que engoliu inteirinha, querendo adoçar a voz.
Treinou falar cantadinho como as mães dos outros.
-Abram a porta! É a
mamãe!
Aquela não parecia
mais a voz do lobo, e os cabritinhos ficaram em dúvida se a mãe tinha ficado
com esta voz diferente. Lembrando dos conselhos recebidos, eles disseram:
– Se é a mamãe, mostre
sua patinha na janela.
E o lobo, pego de
surpresa, mostrou mesmo.
– Vá embora seu lobo
mau! As patinhas da mamãe são bem clarinhas! E sem garras!
Então o lobo teve
outra ideia: correu até o moinho e afundou as patas na farinha branquinha, para
enganar os tolos.
Bateu de volta na
porta, ainda adoçando a voz, e novamente foi parar com a pata na janela: desta
vez ele encolheu bem as unhas:
Os cabritinhos
ficaram em dúvida, olharam uns para os outros, e resolveram abrir a porta. Para
que?
Foi uma correria danada,
todos tentando se esconder. Tinha cabritinho escondido também na lareira, nos
armários, em baixo da mesa, em toda parte. O lobo foi caçando um por um,
engolindo por inteiro cada cabritinho de tanta fome que estava. Perdeu a conta
de quantos cabritinhos já tinham entrado naquele barrigão cheio, e foi embora,
pensando não ter deixado sobrar nenhum.
Estava enganado:
apenas o cabritinho pretinho não foi encontrado em seu esconderijo:
O tic-tac tic-tac
atrapalhou o ouvido do lobo, que não ouviu o coraçãozinho assustado que estava
escondido lá dentro.
Quando mamãe cabra
viu a porta aberta, já entrou esperando pelo pior.
-O lobo levou todos
os meus filhinhos!
– Todos, não mamãe.
Eu ainda estou aqui!
Os dois se abraçaram
muito, e decidiram ir atrás do lobo, para ver se ainda podiam salvar os
irmãozinhos.
Correram em direção
ao rio, onde souberam pela TV que era o esconderijo dele. Ao chegarem perto,
logo ouviram um som terrível: ROM… URM… ROM… Era o lobo roncando, dormindo sob
as árvores na beira do rio.
Mamãe cabra teve uma
ideia, e disse ao filho:
– Não faça nenhum
barulho para não acordar o lobo. Corra com toda sua velocidade até lá em casa,
e traga a cesta de costura da mamãe: veja que tenha tesoura, agulha e linhas.
O cabritinho nem
respondeu: saiu correndo como o vento, e logo estava de volta com sua
encomenda.
Mamãe cabra não
perdeu tempo: com sua foi abrindo o barrigão do lobo enquanto ele estava
dormindo. Logo foram saltando vivinhos, um por um, os seis cabritinhos que ele
tinha engolido. A todos mamãe pedia silêncio. Quando todos saíram, ela disse em
segredo:
– Vão procurar as
pedras maiores e mais pesadas que encontrarem, mas não façam barulho, nem
demorem.
Logo chegavam pedras
em quantidade suficiente: mamãe colocou todas na barriga do lobo, e costurou
rápido com agulha e linha. Então foram todos se esconder.
Quando o lobo
acordou, sentiu a barriga muito pesada e a boca muito seca. Levantou-se com
muito esforço, e quase não conseguiu ficar de pé (“foram seis ou sete
cabritinhos?”). E foi se arrastando até o rio querendo beber água. A correnteza
estava forte, e o lobo com a barriga cheia de pedras acabou indo parar no fundo
do rio, de onde nunca mais saiu.
E todos puderam
comemorar o fim do malvado, e a sorte de todos os pequenos, que agora corriam
livres pelo caminho para casa, para um novo dia.
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